sexta-feira, 12 de março de 2021

Será que há futuro?


Hoje começamos com uma pergunta incómoda. É verdade. Mas será que é assim tão estranha? Provavelmente é uma pergunta que passa pela cabeça de muitos dos nossos alunos.  Vamos explicar melhor.

No último ano vivemos uma situação impensável para todos: nunca imaginámos que no planeta onde vivemos todas as pessoas tivessem parar, ao mesmo tempo, a maioria das atividades por causa de um bicharoco que não se vê. E mais, aquilo que tínhamos por garantido: as nossas rotinas, a escola, a liberdade de sair de casa, foi completamente abalado. Uma das frases mais ouvidas dos mais pequenos (e os mais velhos não o disseram mas pensaram) foi "será que vamos ficar sempre assim?", uma forma diferente de perguntar "será que vamos ter futuro?".

E o bicharoco cá continua e as restrições estenderam-se ao longo de um ano, havendo previsões de mais uns meses de incerteza. 

Então, qual é o efeito disto na nossa vida futura? Qual o impacto desta situação nos adolescentes? 

Hoje pensamos especificamente nos alunos do 9.º ano (e também nos seus colegas do ensino secundário, em geral), que deveriam estar a pensar no seu futuro, a fazer a chamada exploração vocacional para responder às questões: 

 “Quem é que eu sou, quero e preciso?”

 “Que tipo de trabalho seria adequado e satisfatório para mim?”

“O que é que eu posso oferecer ao mundo do trabalho, em troca daquilo que eu quero e preciso?” 

Os adolescentes e jovens passam alguns anos da sua vida à procura de respostas significativas a estas questões. Ao longo deste processo (chamado de exploração vocacional) vão tomando consciência das suas qualidades e atributos internos, bem como das opções educacionais e vocacionais, facilitando o estabelecimento dum plano vocacional coerente, para uma vida de trabalho futura significativa e personalizada.

De facto, uma atitude exploratória favorável implica uma relação flexível com o mundo e com as experiências de vida, uma capacidade e abertura para integrar as emoções positivas e negativas que advêm do contacto com informação nova.

Só que se isso já é difícil em tempo "normal", numa situação como a atual, em que se percebe a instabilidade do mundo em que vivemos, isso torna-se mais complicado. É muito difícil pensar no futuro sentindo que o chão que pisamos é incerto. Como vai ser amanhã??



Não sabemos como vai ser amanhã. Mas sabemos outras coisas: a história da humanidade mostra-nos que momentos como este já aconteceram antes e que as pessoas os esqueceram. Que o mundo voltou à sua rotina, às suas guerras, às suas vitórias e conquistas. Sabemos que iremos voltar a pensar o futuro, acreditando que temos algum controlo sobre os acontecimentos. E isso é bom, pois os indivíduos com uma conceção equilibrada de perspetiva temporal têm uma visão de continuidade do tempo, confrontando-se com os desafios do presente, reconhecendo e valorizando as experiências do passado, mas tendo também como referência as expectativas e objetivos pessoais em relação ao seu futuro (Savickas, 1991).

Ou seja, as pessoas que pensam na sua vida no futuro demonstram ser capazes de articular e visualizar mentalmente os objetivos futuros, estabelecem metas e objetivos a longo prazo, e pensam em estratégias para os alcançar.


Na adolescência a orientação para o futuro encontra-se associada a resultados académicos mais elevados, a uma diminuição dos comportamentos de risco, a um maior controlo dos impulsos e a uma diminuição da probabilidade de existência de psicopatologia.

Então a mensagem de hoje é simples: 

Sim, vamos ter futuro;

Sim, podes começar a pensar na tua vida no futuro;

Sim, não é errado fazer planos flexíveis (aquela coisa de ter um plano A e um B);

Sim, devemos pensar que isto vai passar e que a nossa vida vai voltar a ter uma normalidade.


E pensa também no que este ano ou dois das nossas vidas nos podem ensinar. A mim, pessoalmente, ensinou-me que somos muito mais resilientes e capazes de lidar com as adversidades quando somos otimistas e tentamos adaptar-nos às circunstâncias em vez de lutar contra elas. 

E tu, aprendeste o quê? O que queres contar aos teus netos, no futuro, de como lidaste com este tempo?

Então, para que tenhas uma história de sucesso na luta com este bicharoco que nos virou a vida do avesso, começa hoje a pensar nas respostas às questões iniciais:

 “Quem é que eu sou, quero e preciso?”

 “Que tipo de trabalho seria adequado e satisfatório para mim?”

“O que é que eu posso oferecer ao mundo do trabalho, em troca daquilo que eu quero e preciso?” 

Com a nossa ajuda (Serviço de Psicologia da tua Escola) podes começar a construir o mapa da tua vida futura!

Boa sorte!!


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