sexta-feira, 11 de abril de 2025

Há bullying nas Escolas de Viseu?


 

A pergunta parece provocatória, pois a resposta é fácil. Claro que há, sempre houve e continuará a haver. Infelizmente. 

De vez em quando este tema fica viral e, recentemente, por causa de uma série num canal de streaming voltou-se a falar de bullying. Neste caso de agressão através do telemóvel e das redes sociais com consequências muito dramáticas.

Então se há bullying, a pergunta correta é: há mais ou menos bullying em Viseu?

Um pouco de história (desculpa, mas é importante)

Desde 2015 que existe, em Viseu, algo quer não há em mais nenhum concelho de Portugal. Um Observatório do Bem-estar dos alunos! Sim, leste bem: em Viseu há um grupo de pessoas que se dedica a perceber como estão os seus alunos

E que são essas pessoas? Os/as psicólogos/as que trabalham nas Escolas do Concelho. Aqui encontras psicólogos de todas as idades, com muitas diferenças em termos pessoais e profissionais, mas que têm em comum a preocupação com os seus alunos. 

São ou não são pessoas especiais?? Claro que sim! 😉

Trabalham cada um nas suas Escolas, reúnem-se algumas vezes por ano em diferentes Escolas (com um grande agradecimento às Direções pela autorização para poderem levar a cabo algumas das atividades deste Projeto dentro do seu horário de trabalho) e trabalham muitas horas fora do seu horário a preparar atividades, a planear, a estudar e a cozinhar soluções para os problemas que encontram.

Ao longo destes quase 10 anos de existência este grupo fez vários inquéritos aos alunos (e em 2021 também aos profissionais da educação) acerca da forma como se sentem e vivem a Escola, quais as suas rotinas e como ocupam o seu tempo livre. Nos meses de maio e junho de 2024 foi feita mais uma recolha de dados. 

E que quantidade de dados foi recolhida!! Mais parecem estudo nacional, daqueles bem complicados! (Os psicólogos escolares de Viseu são muito bons no que fazem!)

E sabes o que mais impressiona? A constatação de que os alunos de Viseu não estão muito bem em termos de saúde mental. E no que toca ao bullying a coisa não está bonita:

O bullying aumentou, sobretudo no 1.º ciclo

Esta é uma notícia muito má: em 2016 havia 8,6% de alunos vítimas de bullying no 1.º ciclo e em 2024 passámos a ter 21,5%. E como nem só de vítimas vive o bullying, é importante referir que a taxa de agressores nos alunos do 1.º ciclo passou de 10% para 48,9% e de testemunhas passou de 14,4% para 26,8%.

Além disso, o número de alunos envolvidos no cyberbullying é, pelo menos, quatro vezes maior - aqui o problema é evidente em todos os ciclos. Repara no gráfico seguinte:


Percebe-se claramente a diferença entre os valores de 2018 - a taxa de vítimas variava entre 1,4% no 2.º ciclo e 4% no 3.º ciclo, e os de 2024 - com 10,1% de vítimas no Secundário e 18,6% no 3.º ciclo.

Podemos dizer que no geral aumentou o bullying nas Escolas de Viseu? Sim, infelizmente, podemos. 



Porquê? Porque é que isto está a acontecer? 


É uma excelente pergunta. Ainda não temos uma resposta exata, temos apenas hipóteses. 

Pensamos que os nossos alunos usam poucas estratégias de resolução de conflitos, percebemos que andam mais frustrados e mais zangados, damos conta que os pais andam com menos tempo e com menos paciência para lidar com os seus problemas e com os dos filhos, notamos que há mais dificuldade em comunicar e em interagir por parte dos alunos e por parte dos adultos. 

Ainda não temos uma explicação, mas sabemos que é preciso fazer alguma coisa. 
E este grupo de psicólogos continua a cozinhar coisas... temos muita vontade de ajudar, de contribuir para a mudança da Escola e para a melhoria do bem-estar dos alunos. Sim, porque é preciso estar bem para aprender bem!

"Pronto, já chega de más notícias! E as boas???"


Essas terão de ficar para outro dia! Volta aqui e verás mais notícias sobre o estado dos alunos de Viseu. Encontrarás mais más notícias e, com certeza, algumas boas notícias!!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Ano novo - será vida nova?



Adeus 2024! Olá 2025!

Depois de doze passas nas doze badaladas .... 

o que é que já fizemos para pôr em prática os desejos que pedimos? 


Antes de seguirmos o nosso raciocínio, quem é que se decidiu que devíamos comer 12 passas à meia-noite? 🎉🍷 Ao que parece o costume de comer uvas frescas acompanhadas de champanhe nasceu na alta sociedade pariense, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX. Esta tradição ganhou novas proporções quando, em 1880, a Câmara de Madrid teve a ideia de criar uma taxa municipal para quem celebrasse o dia de Reis nas ruas da cidade. 

Este imposto levou uma multidão de protestantes para a Puerta del Sol, na noite de Ano Novo, ONDE COMERAM UVAS EM SINAL DE REVOLTA. e assim nasceu a tradição das 12 uvas-passas..



Mas voltando aos desejos para 2025.....
















Por experiências anteriores:

Quanto tempo conseguimos manter estes novos hábitos que tanto queremos adquirir e manter? Parece que janeiro tem 365 dias, mas será que chegamos a fevereiro e que estes planos se mantêm? 


Hábito

Um hábito é uma rotina ou um comportamento praticado regularmente e, em muitos casos, automaticamente.  

 Aquilo que no início do ano desejamos torna-se um hábito quando o praticamos de forma regular. Queremos resultados de uma forma linear e é frustrante quando parece que os nossos esforços são ineficazes durante os primeiros dias e até semanas.

Parece que não se vai a lado nenhum, não é?

Mas qualquer processo leva tempo, sobretudo os resultados mais significativos. Esta é uma das razões que explica o porquê de ser tão difícil criar hábitos duradouros. Por norma fazemos pequenas mudanças, mas como não vemos resultados palpáveis decidimos parar.. ando a meditar há um mês porque é que continuo tão nervosa e ansiosa?

Mas criar hábitos demora...  




 

Manter bons hábitos durante mais do que alguns dias parece muitas vezes difícil, mesmo que haja um esforço genuíno. Hábitos como fazer exercício, meditar, escrever um diário ou cozinhar de forma mais saudável são razoáveis durante alguns dias mas depois tornam-se uma chatice!


No entanto, uma vez criados parece que os hábitos têm o poder de ficar connosco para sempre (até os indesejados).  


Alterar os nossos hábitos ou adquirir novos hábitos tem muito que se lhe diga. E, muitas vezes, torna-se um desafio por dois motivos: 1) tentamos mudar a coisa errada, 2) tentamos mudar os hábitos da maneira errada.  

 

Podemos pensar na mudança de comportamento como uma imagem de três camadas: mudança nos resultados, mudança nos seus processos ou mudanças na sua identidade.  



 
Os resultados têm que ver com o que conseguimos.

                Os processos com aquilo que fazemos.

                                A identidade com aquilo em que acreditamos.


A primeira camada é mudar os nossos resultados. Este nível tem que ver com a mudança de objetivos: perder peso, publicar um livro, ganhar um campeonato. A maior parte das metas que fixamos estão associadas a este nível de mudança. 

 

A segunda camada é mudar o nosso processo. Este nível tem que ver com a mudança de hábitos e métodos: aplicar uma nova rotina no ginásio, arrumar a secretária para o trabalho ser mais eficaz, desenvolver uma prática de meditação. A maior parte dos hábitos que criamos estão associados a este nível. 

 

A terceira camada, a mais profunda, é mudar a nossa identidade. Este nível é sobre a alteração daquilo em que se acredita: a visão do mundo, a imagem que temos de nós, os juízos que fazemos sobre nós e os outros. A maior parte das nossas convicções, suposições e preconceitos estão associados a este nível.  



Muitas pessoas começam o processo de mudança de hábitos focando-se naquilo que querem alcançar e isto conduz a hábitos assentes no resultado. Quando procuramos criar hábitos duradouros – construir um sistema de melhorias - todos os níveis de mudança são uteis.

O problema é a direção da mudança!!  A alternativa é criar hábitos assentes na identidade e, assim, o nosso foco começa em quem nos desejamos tornar.  



Quero ser magro (resultado) e serei magro se fizer esta dieta (processo). Por outro lado, é necessário alterar a forma como se veem e perceberem que a velha identidade pode sabotar os seus novos planos de mudança.  




Assim, podemos considerar que os nossos hábitos são a forma como damos corpo à nossa identidade: quando fazemos a cama todos os dias incorporamos a identidade de uma pessoa organizada, quando escrevemos todos os dias incorporamos o a identidade de uma pessoa criativa. Obviamente que os hábitos não são as únicas ações que influenciam a identidade, mas tendo em conta a sua frequência são importantes para a construção e adaptação da nossa identidade.

 

Os investigadores estimam que 40 a 50 por cento das nossas ações diárias são feitas por hábitos. Mais ainda, os hábitos são escolhas automáticas que influenciam as nossas decisões conscientes.  




Isto leva-nos ao nosso próximo ponto: INTENÇÕES

O que quer? 

Como se quer sentir? 

E o que está a fazer para isso acontecer? 

Conhece a intenção para a sua Vida, relações, saúde ou trabalho?


Uma intenção é um princípio que o guia em relação à pessoa que quer ser e à forma como quer viver e surgir para a Vida. 


Quando tem uma intenção bem definida, tudo se alinha para conseguir o que quer. A mente, os pensamentos e o coração seguem todos na mesma direção.



A intenção é o legado que deixa quando encontra o que é mais importante para si e quando começa, de uma vez por todas, a viver de acordo com isso. Criamos o nosso mundo exterior a partir do nosso interior. E quanto mais bonito, tranquilo, harmonioso e amoroso estiver o nosso mundo interior, mais bonito, tranquilo, harmonioso e amoroso será o nosso mundo exterior. Certamente já sabe isto!





Qualquer sonho, ideia ou desejo precisou de uma intenção para se manifestar, seja qual for a área da sua Vida. No amor, no trabalho ou na saúde. Tudo o que acontece começa com uma intenção. Tudo na sua Vida começa com uma intenção, consciente ou inconsciente. 






como definir intenções?


As intenções contêm emoção e propósito. Quando define uma intenção está a alinhar a mente com o coração. 


As intenções devem transparecer aquilo que sente, devem ser pessoais, conectadas com os seus valores e identidade e com aquilo em que acredita. 



>>> Quando pensa numa intenção comece por formular esta pergunta: Como é que me quero sentir?

Aqui ficam algumas perguntas que o ajudarão a definir as suas intenções: 



    >> O que é mais importante para si?

    >> O que quer criar na Vida?

    >> O que pode deixar ir?

    >> Quem quer perdoar?

    >> O que o faz feliz/sentir bem?

    >> Que palavras descrevem o que lhe faz falta?

    >> Que medos gostava de deixar ir? 

    >> O que o faz sentir grato?



As intenções postas em palavras têm um poder mágico

Deepak Chopra





Este tipo de reflexão pode ser desafiante ou difícil, pois não somos ensinados a fazê-lo desta maneira ao longo da nossa vida... Talvez seja útil deixarmos alguns exemplos específicos de intenções. 


1. Sentir paz

2. Cuidar de mim

3. Amar incondicionalmente

4. Ser autêntico

5. Rir todos os dias

6. Praticar o não julgamento

7. Perdoar o passado

8. Viver o aqui e agora







Ano novo não tem de significar vida nova, mas pode significar que precisamos de redefinir a nossa identidade e traçar intenções. Se chegou até aqui é porque há algo que quer melhorar ou atingir! Não desista! 

E lembre-se: o compromisso tem de ser consigo mesmo!