Em março, de repente, saímos da Escola e agora, passados 6 meses, voltamos, com o vírus aí ao nosso lado. Sentimos a responsabilidade de reestruturar a nossa atuação, organizar o novo espaço de aprendizagem e as tarefas da aula, de forma a criar um ambiente o mais acolhedor possível, ao mesmo tempo aplicando as novas regras. Não é nada fácil, mas ajuda se mantivermos o foco no que é possível, a fim de reforçar a perceção de controle e de conseguirmos tranquilizar as crianças de que elas estão bem e que a situação vai melhorar.
Hoje dedicamos esta publicação aos professores.
A todos. Mas especialmente aos do 1.º ciclo que têm sobre si os olhares atentos de um grupo de crianças ao longo de muitas horas. Para elas o que o professor fizer será o exemplo a seguir.
Reconhecer algum nível de preocupação, sem pânico, é adequado e pode resultar na adoção das medidas necessárias que reduzam o risco de doença. Ensinar às crianças medidas preventivas positivas, falar com elas sobre os seus medos e dar-lhes uma sensação de algum controlo sobre o risco de infeção pode ajudar a reduzir a ansiedade.
Esta é também uma tremenda oportunidade para os adultos mostrarem, através do seu exemplo, o que é a resolução de problemas, a flexibilidade e a compaixão, pois atualmente a readaptação é uma necessidade constante que varia consoante as informações das autoridades e que implica um estado contínuo de ajustamento da nossa vida a esta situação.
Mantenha a CALMA, OUÇA e seja um EXEMPLO de confiança
- Seja um exemplo. As crianças reagirão e seguirão as suas reações. Aprendem com o seu exemplo.
- Esteja atento à forma como fala da COVID-19. A sua atitude e linguagem sobre a COVID-19 pode aumentar ou diminuir o medo dos seus alunos.
- Explique o distanciamento social. As crianças provavelmente não entendem completamente o que é o distanciamento social e como podem estar com os colegas. O distanciamento social significa ficar longe dos outros até que o risco de contrair a COVID-19 esteja sob controlo e temos de seguir as orientações dos especialistas em saúde para fazer a nossa parte.
- Demonstre a respiração profunda. A respiração profunda é uma ferramenta valiosa para acalmar o sistema nervoso. Faça exercícios de respiração com os seus alunos.
- Concentre-se no lado positivo. Ajude os seus alunos a ver o que de bom aconteceu: têm mais tempo em família, aprenderam coisas novas, tiveram tempo para fazer coisas que nunca tinham feito. Promova uma reflexão sobre estes ganhos pois isso nem sempre é evidente para as acrianças.
- Estabeleça e mantenha uma rotina diária na sala de aula. Manter uma rotina proporciona uma sensação de controlo, previsibilidade, calma e bem-estar.
- Esteja atento às conversas das crianças sobre a COVID-19. Muitas vezes elas contarão umas às outras coisas o que ouviram ou viram na televisão ou na internet. É importante dissipar rumores e informações imprecisas. Explique que muitas histórias sobre a COVID-19 na internet podem ser incorretas. As crianças mais velhas, em particular, podem estar a aceder a uma grande quantidade de informação online e de amigos que contêm imprecisões.
- Deixe algum tempo em cada aula para conversar. Deixe que as perguntas dos seus alunos o guiem na informação que lhes dá. Responda sinceramente às suas perguntas, mas não ofereça detalhes ou factos desnecessários. Muitas vezes, as crianças e os jovens não falam das suas preocupações porque estão confusos ou não querem preocupar os pais. Na escola podem sentir-se mais à vontade e poderão falar sobre o que os preocupa.
- Dê explicações adequadas à idade.
- Alunos do 1.º ciclo. Forneça informações breves e simples que apontem os factos da COVID-19 com garantias adequadas de que os adultos estão lá para ajudar a mantê-los saudáveis e a cuidar deles se adoecerem. Dê exemplos simples dos passos que as pessoas fazem todos os dias para parar os germes e se manterem saudáveis, como lavar as mãos. Use linguagem como "os adultos estão a trabalhar muito para que todos estejamos seguros."
- Alunos do 2.º e 3.º ciclo. Esta faixa etária fará mais perguntas sobre se estão realmente seguros e o que acontecerá se a COVID-19 se espalhar na sua área. Podem precisar de ajuda para separar a realidade dos rumores e da fantasia. Poderão também discutir os esforços que os líderes nacionais e comunitários estão a fazer para impedir que os vírus se espalhem.
- Alunos do ensino secundário. As questões podem ser discutidas mais aprofundadamente. Encaminhe-os para fontes apropriadas de factos sobre COVID-19. Forneça informações honestas, precisas e factuais sobre o estado atual da COVID-19. Envolva-os na tomada de decisões sobre planos e funcionamento na turma, agendamento das rotinas de estudo e outras.
Para todas as crianças, encoraje-as a verbalizar os seus pensamentos e sentimentos. Seja um bom ouvinte!
- Seja um modelo de higiene e práticas de estilo de vida saudável. Mantenha hábitos frequentes de higienização das mãos, com água e sabão ou com SABA (solução anti-séptica de base alcoólica). Elogie os seus alunos quando repetirem os seus hábitos, quando espirrarem ou tossirem na curva do cotovelo. Ensine-lhes a importância de deitar fora os lenços de papel usados imediatamente após serem usados.
- Incentive os seus alunos a reforçar o sistema imunológico. Encoraje os seus alunos a ter uma dieta equilibrada, a dormir o suficiente e a fazer exercício regularmente; isso irá ajudá-los a desenvolver um sistema imunitário robusto para combater a doença.
- Esteja atento à saúde mental dos seus alunos. A maioria das crianças vai gerir bem a situação com o apoio dos pais e da Escola, mesmo que mostrem sinais de alguma ansiedade ou preocupações, como dificuldade em dormir ou concentrar-se. Algumas crianças, no entanto, podem ter fatores de risco para reações mais intensas, incluindo ansiedade severa, depressão e comportamentos suicidas. Os fatores de risco podem ter a ver com problemas de saúde mental pré-existente, experiências traumáticas anteriores ou abuso, instabilidade familiar ou a perda de um ente querido. Os professores devem alertar os pais e encarregados de educação se as crianças apresentarem alterações significativas no comportamento ou em qualquer dos seguintes sintomas durante mais de 2 semanas:
- Pré-escolares— sugar o polegar, agarrar-se aos educadores/adultos, sonolência, perda de apetite, medo do escuro, regressão no comportamento e isolamento dos pares.
- Crianças do 1.º e 2.º ciclo— irritabilidade, agressividade, dependência do adulto, sonolência, recusa em fazer tarefas, má concentração e isolamento de atividades e amigos.
- Adolescentes— distúrbios na alimentação, sonolência, agitação, aumento de conflitos, queixas físicas, comportamento delinquente e má concentração.
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