segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Com quantas mãos se faz uma escola?

Quando entramos numa escola, o que vemos ou queremos ver? Salas organizadas, corredores tranquilos, alunos a sorrir, professores a ensinar...


Alguns pensam no papel das escolas apenas como espaços de ensino e aprendizagem, mas lembremos que essas estruturas são também lares temporários para milhares de crianças e jovens. Um espaço de crescimento e convivência.


Assim, entre o toque da campainha e o som da aprendizagem, existe uma força invisível que mantém tudo a funcionar. 


Já sabem de quem vamos falar hoje? 
Hoje vamos falar sobre elas/es: Assistentes Operacionais! 

Se pensarmos na escola como um corpo vivo... 

Se a escola fosse um corpo, os/as assistentes operacionais seriam o sistema circulatório, garantindo que cada pequena parte funcione em harmonia. Com passos discretos, mãos habilidosas e olhares atentos, elas e eles percorrem os corredores e os pátios, muitas vezes sem que notemos, mas assegurando que tudo aconteça como deve ser. Eles/as não só mantêm a escola viva; eles/as dão-lhe alma.



Nem todos chegam à escola com o mesmo entusiasmo ou segurança, e este é um dos momentos em que as/os assistentes operacionais são tão importantes. Logo no início, realizam um acolhimento que faz toda a diferença, percebendo olhares tímidos, passos hesitantes ou ligeiros sinais que a convivência e a sensibilidade os ensinam a detetar.

Talvez seja a "Dona Rosa", que nota que a pequena Inês está mais calada que o habitual e lhe oferece um gesto de conforto. Ou a "Dona Renata", que segura o casaco de um aluno atrasado enquanto ele corre para a sala. São essas ações "invisíveis" que dão às escolas a sensação de um segundo lar e proporcionam as condições necessárias para que a aprendizagem aconteça. 


Elas e eles sabem mais do que parece, são uma verdadeira enciclopédia viva da escola. Conhecem cada nome, cada história, cada detalhe sobre a rotina. Sabem onde está aquela mochila perdida, conhecem a criança que precisa de um empurrãozinho emocional para enfrentar o dia e, acima de tudo, sabem como resolver situações que parecem impossíveis de serem desatadas.

Quando um conflito surge no recreio, muitas vezes eles/as são as primeiras a intervir,  por vezes com palavras firmes, outras acolhedoras... Quando uma criança com necessidades educativas especiais hesita em dar o próximo passo, eles/as estão ao lado, garantindo que todos participem da vida escolar.

 




Se por um lado os/as assistentes operacionais garantem que a logística da escola funcione, por outro, o impacto humano do seu trabalho é incalculável. Este papel que vai além do operacional é evidenciado num estudo do Instituto Universitário de Lisboa (2013) o qual revela que os alunos veem as assistentes operacionais como figuras de referência emocional. São eles/as que ajudam os alunos nos momentos mais difíceis.



Um pouquinho de história! ☝📚📜

Em Portugal, o cargo das assistentes operacionais surgiu no início do século XX com a expansão do sistema educativo. Desde então, o aumento da necessidade de pessoal no apoio tem sido crescente, de forma que o cargo foi reconhecido formalmente em 1990. A Portaria n.º 29/2015 destaca que, atualmente, os assistentes operacionais são "um capital humano de importância fundamental" para o funcionamento das escolas. Certamente temos um longo caminho pela frente na valorização e reconhecimento prático desses profissionais essenciais para a comunidade escolar. 

 


Por tudo isto, obrigada! 

Obrigada por cada sorriso e pela vossa força e resiliência mesmo perante as dificuldades. Vocês são muito mais do que o vosso cargo descreve. São fontes de cuidado, dedicação e humanidade. Obrigada por cada momento em que transformaram a escola num lugar onde crianças podem crescer com segurança e afeto.


Vocês são a força invisível que faz tudo poder acontecer melhor.


Porque transformar o mundo começa por transformar a escola. E transformar a escola passa por valorizar cada pessoa que a mantém viva.

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