Vamos falar sobre sexualidade?
A adolescência, que a Organização Mundial de Saúde considera ser o período entre os 10 e os 19 anos, traz novos elementos, como as significativas transformações corporais com especial enfoque nas mudanças sexuais.
Traz dúvidas, mas também oportunidades de esclarecer, formar e informar os mais novos. Conversar sobre o tema não tem de ser um quebra-cabeças ou um fator de stresse para os pais e professores.
A adolescência é também uma fase de natural distanciamento dos pais, o que pode dificultar a tarefa da comunicação, nomeadamente no que toca a assuntos tão sensíveis...
Além disso, "testa" a afetividade em relacionamentos extrafamiliares com o alargamento progressivo da rede social do/a adolescente, amizades e primeiros "namoros". Esta é, também, uma oportunidade para recorrer a novos auxiliares (livros, programas de televisão, ocorrências do dia a dia), para ajudar a discutir algumas das questões anatómicas e relacionadas com os afetos.
A sexualidade, tal como muitas outras coisas na vida, é produto da educação, de uma aprendizagem no dia-a-dia, construída através das vivências ou da elaboração dessas vivências. Mas educação sexual é mais do que informação sexual. Esta deve ser um processo que tem por finalidade substituir a ignorância pelo conhecimento, o medo pela aceitação, a intolerância pela compreensão. Naturalmente, também inclui informação sexual, mas não se restringe a ela.
É fundamental que o/a jovem entenda que há diferenças entre rapazes e raparigas, que devemos aceitar as diferenças e respeitar os limites do outro e os nossos também...
Surgem naturalmente questões relacionadas com a parte mais sexual e erótica da sexualidade e é importante que isto não seja um assunto tabu.
É esta a altura para abordar as questões sobre a responsabilidade inerente ao início da atividade sexual, da contraceção e das infeções sexualmente transmissíveis (IST), temas que devem ser debatidos, sem nunca esquecer de incluir a discussão sobre os afetos e como estes deverão estar no centro de qualquer relacionamento.
6 conselhos práticos para os pais
1. Sentido de oportunidade
Todos os momentos devem ser aproveitados para promover o esclarecimento das questões relacionadas com a sexualidade!
Surjam as conversas e dúvidas a propósito de um programa de televisão, rádio, um livro ou de uma conversa na escola. Não devemos evitar falar sobre sexualidade e assumir que, se os adolescentes não perguntam, é porque não têm dúvidas...
2. Disponibilidade
Saber ouvir é fundamental! Sem criticar ou julgar.
É importante o/a adolescente sentir que pode confiar no adulto e que poderá repetir este processo o número de vezes necessário. Se no final de uma conversa conseguirmos transmitir ao adolescente que é normal que tenha dúvidas e percebermos que, se as tiver, se sentirá à vontade para nos abordar, então teremos criado o espaço ideal para o próprio adolescente ditar o ritmo de acesso à informação.
Não precisamos (nem devemos!) esgotar o tema numa só conversa...
É importante perceber o que o/a adolescente quer realmente saber, e o que está por trás da sua questão ou dúvida para responder da forma mais adequada; e fazê-lo o número de vezes que for necessário.
3. Verdade e rigor científico
O/A adolescente não pode nunca sentir-se enganado. Os pais podem não contar tudo de uma só vez, mas o que contarem tem de ser verdade.
Devem tentar perceber o porquê da pergunta ou mesmo devolvê-la para tentar perceber se resulta de algo que viu, leu, sentiu, vivenciou ou experimentou, e tentar partir do que a criança/adolescente sabe.
Devem também usar a terminologia correta das coisas, mesmo que inicialmente isso crie algum desconforto. A concorrência dos media e das conversas de "amigos" como fontes de informação é grande e os pais devem estar atentos para desfazer equívocos e falsos conceitos.
4. Educação para os afetos
Os afetos deverão estar sempre no centro de todas as conversas sobre sexualidade.
Quando se reduz um tema à sua vertente física, a mensagem que se transmite ao adolescente é que os afetos têm um significado e um valor menor do que o biológico. Não existem exceções - qualquer pergunta (mesmo as que se centram nos aspetos mais biológicos) deve ter um esclarecimento na sua dupla vertente.
5. Naturalidade
A descontração e o bom humor podem ser bons aliados na hora de ultrapassar os constrangimentos que os temas possam provocar.
Agir com naturalidade (e brincar até!) com os temas em discussão pode facilitar a comunicação. A informalidade ajuda à empatia e isso é fundamental para que os pais consigam perceber que linguagem devem usar e “até onde devem ir” naquele momento.
Para facilitar este processo, deixamos algumas sugestões de consulta para abordagem e esclarecimento do tema junto dos mais novos:
- Guias práticos de Educação para a Sexualidade:
- http://www.apf.pt/sites/default/files/media/2021/guia_pratico_de_edsex_-_final.pdf
- https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Esaude/guia_adoles_ser.pdf
E não se esqueçam: a educação sexual começa desde o momento em que a criança nasce, portanto não devemos esperar que surjam dúvidas e questões para abordar o tema!
Boas leituras e bons diálogos 😃😃
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