A Saúde Mental é cada vez mais mediatizada e falada por todos, porém a consciencialização da sua importância continua a ser um desafio a desbravar. Explorar a saúde mental na escola é crucial para o bem-estar dos alunos e por isso o tentamos fazer de forma regular.
No mês de outubro, tendo como pano de fundo o dia Mundial da Saúde Mental – 10 de outubro – o Agrupamento desenvolve atividades específicas sobre o tema para alunos e adultos, no entanto, o tema não se esgota neste mês, sendo transversal e contínuo durante todo o ano letivo. Preocupamo-nos com todos e temos o objetivo de despertar consciências e promover a saúde mental da comunidade escolar.
Um dos aspectos importantes na promoção da saúde mental entre os jovens é o relacionamento entre pares e, associado a este, a prevenção e o combate ao bullying e cyberbullying - uma missão de TODOS no ambiente escolar.
O bullying e o cyberbullying afetam milhares de jovens em todo o mundo, provocando uma série de prejuízos que interferem diretamente na autoestima e no rendimento académico, bem como em muitos outros aspectos da vida das crianças e jovens em idade escolar.
O bullying corresponde a "todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudante contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder" (Lopes Neto, 2005, p.165 as cited in Silva et al, 2015).
O bullying pode ser definido como todo o comportamento agressivo em contexto escolar - quando uma pessoa é gozada, empurrada, ameaçada, posta de parte do seu grupo de amigos, insultada por parte de outros colegas, perseguida e até humilhada. Considera-se que o comportamento é bullying quando:
- é realizado de forma intencional (há a intenção de causar dano)
- é repetido (não é apenas um só episódio),
- existe uma assimetria de poder (o que faz com que a vitima tenha dificuldade em se defender) .
ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
Promover a aceitação - quando os alunos se aceitam uns aos outros, os comportamentos
de bullying diminuem.
Estabelecer regras - relacionadas com o bullying e com o
comportamento a ter. As regras devem comunicar, de forma clara, uma atitude de tolerância
zero para com o bullying e a expectativa de um comportamento positivo
por parte dos alunos.
Criar empatia - ou a capacidade de identificação e de compreensão dos sentimentos, da
situação, dos motivos e das preocupações de outra pessoa. O importante é desenvolver empatia em relação às pessoas que são muito
diferentes de nós – nas suas necessidades, experiências, pontos de vista,
circunstâncias da vida, crenças, etnia ou cultura, capacidades, talentos...
Premiar a cooperação - valorizar mais o esforço e empenho que o resultado. Elogiar os alunos pela sua disponibilidade
para se darem bem, durante o trabalho de grupo, e por concederem o devido valor
às capacidades únicas de cada um dos companheiros. As atividades de
grupo, podem encorajar os sentimentos de unidade e de aceitação. Quando os alunos cooperam, todos ganham.
Os alunos que participam em atividades de grupo apresentam mais probabilidades de terem sentimentos positivos acerca das outras pessoas; desenvolvem menos preconceitos ou repensam as inclinações ou preconceitos que já têm.
Encorajar atos isolados de amabilidade - atos isolados de amabilidade são formas comprovadas e poderosas de criar um ambiente mais positivo.
Elogiar - durante o decorrer do dia, podemos aproveitar todas as oportunidades para fazer um comentário positivo aos outros, nomeadamente aos alunos. Com o nosso elogio damos o exemplo e podemos incentivar os outros a fazê-lo.
Usar o humor - o humor é um ótimo instrumento para fazer alguém sentir-se bem-vindo, aceite e
valorizado.
Ser bom ouvinte - a primeira e mais importante coisa que o adulto pode e deve fazer
é ouvir a criança/adolescente.
Encorajar a atitude positiva - como enfatizar o que é bom na vida de cada um.
Promover a reflexão sobre o tema.
ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO
Agir de imediato e de forma adequada a relatos de bullying. Confiar no que está a ser relatado.
A vítima precisa ter a
certeza de que o adulto vai fazer alguma coisa, uma vez que eles estão a
correr um risco ao denunciarem situações de bullying, caso contrário, a confiança que a criança/adolescente tem no adulto ficará comprometida ou até destruída.
Intervir imediatamente quando se é testemunha de bullying. O professor tem a responsabilidade de intervir, de
imediato, perante qualquer caso de bullying de que seja testemunha.
Desta forma, o professor torna claro que não será tolerante com
o bullying, que atuará perante situações similares em vez de ignorar, e
encoraja outras vítimas e testemunhas a falarem do bullying.
Dar o exemplo no modo como atua, escutando com atenção o sucedido, refletindo com calma no que se irá fazer a seguir.
Para o 1º ciclo
A pensar especificamente nos Pais,
deixamos um link da Ordem dos Psicólogos Portugueses, sobre comofalar sobre o bullying com os filhos. https://escolasaudavelmente.pt/pais/comunicar-com-os-filhos/falar-sobre-o-bullying
Para além destas sugestões, se queremos ambientes e relações tranquilas e positivas, evitar dizer:
– Se eles te batem, bate-lhes também! – Ignora esses ataques!
– Evita esses colegas! – Isso são coisas de criança…
– Tens de saber defender-te! – Precisas de ser forte!
– Estás a fazer um drama do caso… – Isso é uma fase, isso passa!
PROPOSTAS DE ATIVIDADES que podem ser desenvolvidas com as crianças e adolescentes, em em sala de aula, ou outro espaço apropriado.
Pedro, Marco e Alice
Sugerem-se três links de vídeos acerca do bullying tendo em conta três perspetivas diferentes: a da vítima, do agressor e da testemunha. No final do visionamento dos vídeos, pode debater-se, em grupo ou individualmente, acerca do papel de cada um dos intervenientes, o que sentiriam se fossem estas personagens e que estratégias poderiam utilizar.
História da Alice, Observadora
História do Marco, Agressor
História do Pedro, a Vítima
1. Algumas conclusões que podem ser retiradas dos filmes e do debate em grupo
|
Comportamento
mais eficaz |
Comportamento ineficaz |
Vítima |
Contar a um adulto
significativo (pai, professor, funcionário, diretor, psicólogo); Aproximar-se de outras
crianças com que se sinta melhor; Evitar ficar sozinho nos
intervalos; Ser assertivo nas primeiras
provocações ou ameaças; |
Responder agressivamente
(excetuando situações de defesa); Vingar-se; Isolar-se; Não contar; Faltar às aulas; |
Testemunha |
Contar a um adulto
significativo (pai, professor, funcionário, psicólogo); Ajudar a vítima, através da
companhia; |
Ignorar; Assistir sem fazer nada; Tomar partido do agressor; |
Agressor |
Parar; Conversar com adultos sobre a
sua agressividade; Assumir perante o grupo; Pedir ajuda para gerir a
raiva; Ocupar os intervalos com
atividades físicas e/ou úteis; |
Parar os comportamentos
agressivos físicos, mas continuar com ameaças e humilhações verbais;
|
Dinâmica da Folha Amarrotada
Esta dinâmica pode ser trabalhada em grupo ou individualmente.
Dar uma folha a cada criança e pedir que a amassem até ficar como uma bola,
que a pisem, que chamem nome, voltar a amassar. Atenção: não podem rasgar!
Depois é pedido que voltem a colocar a folha como ela estava antes, pedindo
desculpa. Perguntar às crianças o que notam na folha. Salientar as respostas
que indicam que a folha continua com marcas; que não ficará igual ao que estava
no início. Por mais que se tente a folha não voltará a ficar lisa como antes.
Em conclusão, a folha representa o coração de cada criança e que por mais que
tentemos remediar ou pedir desculpa, o coração fica como a folha de papel em
que é difícil apagar as marcas. Assim, cada vez que insultamos um colega,
magoamos, ou irritamos, a impressão que deixamos nas pessoas é impossível de
apagar. Quando magoamos com as nossas ações, ou com as nossas palavras, mesmo
que tentemos remediar e pedir desculpas, não conseguimos muitas vezes apagar as
mágoas nem concertar os corações que foram amassados. Pedir desculpas é
importante e devemos sempre fazê-lo, mas temos sempre a opção de pensar antes
de “amarrotar uma folha” ou um coração.
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